Olhos nos olhos
fito a alma translúcida
oculta,
mártir da dor
tímida
medrosa
entristecida
encolhida
rejeitada por mais uma
que amou
atrás,
fazendo papel de cenário,
uma imensa muralha de edifícios,
a grande cidade
labirinto humano,
testemunha cega
de sacrifícios e doações inúteis
como gotas d’água no oceano
Os sentidos se perdem,
sensibilidade zero
como auto-proteção,
a alma flutua
perdida no vácuo
de mais uma mentira,
vitima de si mesma,
que acreditou ter encontrado uma outra alma
que não era tão idêntica assim
ilusões,
miragens de quem tem sede
de almas nobres;
perdido, solitário, carente
no deserto de almas pobres
o reflexo no espelho
é mais realista que o homem,
que lamenta a idiotice,
a farsa engendrada
armada e atuada em monólogo
com seus próprios botões
- mas cá entre nós: botões têm ouvidos?
A fúria e a melancolia
não vão trazer de volta
a ilusão que se perdeu,
no tempo e no espaço,
entre os edifícios,
solta no anonimato
das multidões sem rosto,
solitárias,
de alegrias fáceis,
consumidoras de ilusões
que desvanecem na alma,
perdulárias de emoções baratas.
O reflexo
olha pro fundo em meus olhos,
nada diz,
mas seu silêncio cala
meus lamentos,
acalma minha alma,
me impulsiona
para fora de mim mesmo,
expulsa o egoísmo latente,
me purifica das mentiras,
me diz,
faz-me sentir
que ninguém,
por mais interessante,
mais apaixonante que seja,
deve ter a capacidade
de me transtornar,
de dominar meu espaço,
de embaçar o meu reflexono espelho...
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