28 junho, 2005

Noites calmas



Sou um caminhante noturno,
como os lobos de pradarias urbanas
como os nômades das estepes,
passeio
por entre palavras soltas no universo,
e paro,
farejo,
e vou ficando;
quando a paisagem me agrada,
me aconchego,
me alimento
e descanso por entre os sons
que essas palavras criam,

me inebrio
no prazer do acalanto
das vozes sussurantes
que ecoam e se espalham no ar
como o vento por entre as folhas,
criando uma trilha sonora envolvente,
criando um ambiente sedutor
como a luz da lua cheia que invade esse mundo,
iluminando meus olhos,
que estão suspensos,
fixos na fonte dessa luz...
uivo,
num dueto com suas palavras
que ecoam na nossa noite...
e já descansado,
caminho ao seu lado,
rumo ao nosso destino,
quem se importa?
eu também não sei qual é...

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A quem carrega os lobos na alma






Aos homens e mulheres
que carregam o lobo no nome
e também no sangue e na alma,
que uivam para a lua cheia,
para as suas paixões,
para os seus vazios
e sua solidão noturna;
que em meio à matilha de seus instintos,
e no poder de sua invisibilidade
no meio das multidões,
sente a divindade selvagem que nos toma o âmago
e nos enleva ao prazer único
de sermos nós mesmos,
tão diferentes de todos,
tão distantes de todos,
no entanto, com o olhar aguçado que á tudo pode ver,
com a alma sensível como radar,
que a tudo sente,
e carrega no ventre
a força da vida,
que explode sempre,
principalmente quando nos vemos sózinhos,
longe dos olhares estranhos,
que buscam os nossos
em busca do brilho de nossa alma...

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16 junho, 2005

“Mas as pessoas nem sempre agem do mesmo jeito. São boas num minuto e más no minuto seguinte. Cometem erros. Gente boa faz coisa ruim.”

Paul Auster - Noite do Oráculo

minha sensibilidade

minha sensibilidade
não é lata de lixo não
nem espremedor de laranjas
a triturar frutas sem parar
nem alvo para testes de pontaria
para dardos venenosos
que sua maldade decide atirar,
tampouco sou bagaço de laranja
que você pode cuspir fora
quando não mais consegue
caldo dela tirar,
nem sou esgoto
pronto para receber
tudo o que você não consegue digerir
sem ao menos descarga querer dar,
não sou saco de pancada
para seus treinos de boxeadora
para quando sua raiva
e suas neuroses
você quiser extravazar...
não jogue prá cima de mim
tudo aquilo que não consegue entender
tua fúria, teu ciúme inconsciente;
por não saber trabalhar
suas dúvidas, seus temores
ou por não poder ter
tudo aquilo que quer...

minha sensibilidade é simples
não gosta de barulho
mas gosta de dançar
é simples
e volta e meia
se perde no filme invisível
que você teima em passar
com legendas truncadas
linguagem confusa
e edição enlouquecida

minha sensibilidade
é uma interrogação
neste deserto de absurdas afirmações
não é nada
do que se possa esperar
é simples
e quer aumentar...

(trabalhada em cima do original de Jorge Salomão,
com o mesmo título e usando alguns trechos de sua autoria
(em negrito), tomada emprestada do livro "MOSAICAL" -
Editora Gryphus, 1994, pag 2.

15 junho, 2005

Fechando o Tempo...

Hoje mais uma noite se completa no seu inicio...
Busquei mais intensamente as emoções dentro de mim e as encontrei do lado de fora, expostas em dois blogs que me encantaram, principalmente porque são de duas mulheres, intensas e suaves como só elas conseguem ser, sendo que uma delas é selvagem como uma loba faminta de alma humana. Minha admiração pelas duas foi instantânea, paixão às primeiras palavras, emoções em turbilhonamento constante, paisagens de almas desnudas, expostas á quem tivesse sensibilidade para sentir que, ali, além de mulheres, vivem dois seres humanos maravilhosos, corajosos e fascinantes...
O primeiro que passeei foi WWW.ESTRELACORDETERRA.ZIP.NET – blog da atriz Ana Terra Freire – sentimentos, emoções, palavras soltas no espaço e poesias se formando com elas; e o segundo foi http://correndocomlobos.weblogger.terra.com.br/ - escrito por Layla, onde me aconcheguei e fui envolvido com o carinho, a lucidez e a coragem de suas palavras...