31 julho, 2006

Buscar no vazio...

...a intensidade da própria alma,
a beleza da vida,
o prazer simples de viver.

Aproveitar o momento do silêncio
usufruir do privilégio da solidão sem medo
sabendo que o mundo está lá fora,
à minha espera, com os amigos ansiosos
para dividir suas alegrias e novidades,
mas eu só quero ficar aqui, quieto,
olhando prá dentro de minha própria alma,
ouvindo a voz de minha própria lucidez,
sabendo que esse momento é o mais sagrado de minha vida;
é quando enxergo o universo pulsando
junto com minha respiração tranquila,
num estado de quase extâse,
com a sensibilidade tão apurada
que parece que Deus vai me tocar,
assim como também tenho a nítida sensação
que vou alcançar as pontas de seus dedos,
como na pintura de Michelangelo na Capela Cistina,
Mas a única coisa que se torna palpável
é a vida, brilhante, intensa e suave como só ela consegue ser.
Nunca tento evitar esse prazer, porque ele é intrínseco á existência,
á vida, ao respirar...

E o vazio, a solidão, que supostamente são estados deprimentes,
na realidade são cheios de emoções e fúria,
e em seu âmago se encontra a essência do prazer de existir,
sem qualquer pretensão maior que viver, respirar e sorrir
prá si próprio, já que no vazio da solidão encontramos
nosso próprio eu, nossa alma tranquila e infantil,
aquela com que nascemos, sem dor, sem problemas,
sem invencionices e canalhices humanas,
a essência e a pureza divina com que é feito o universo,
a matéria prima com que a vida é feita...

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