Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoista e mau.
E a minha poesia é um vício triste, desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.
Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...
E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...
A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.
* "E de repente ele sentiu que podia ter amigos,
quem sabe até se apaixonasse,
mesmo que em silêncio;
ele sabia que poderia ficar ali,
espreitando a doce colheita de sua alma encantada..."
Mário Quintana & Eu (*)
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